14.4.08

A busca

Em uma noite em que a Lua escondia seu brilho,
Ela seguiu a estrada que via pouco, mas sabia que estava lá.
Não sabia das pedras que tinha, tampouco dos buracos.
Mas imaginou alguns por precaução.
Mesmo não os vendo, desviou-se.
"Logo virá!" Pensou ela, já sentindo aquela adorável sensação no peito.
Ja sonhara com aquele caminho antes, e agora, estava nele.
Tantas vezes o via em seus sonhos, que ja havia decorado tudo:
As curvas, as árvores ao lado, e tudo mais, que mesmo não vendo, estava lá.
A emoção a dominava, e sentindo algo que não cabia na palavra felicidade, uma lágrima resolveu cair.
De repente ouviu o barulho que tanto esperava: o bater de asas.
Prendeu a respiração. E no exato instante que pensou "Agora!", sentiu a ave pousar no seu ombro direito.
Não a via, mas sabia da variação de cinzas e marrons das suas penas, dos seus olhos grandes e inocentes, do bico pequeno, das garras firmes, mas delicadas.
Mas sentir a coruja tão perto de si, não era como no sonho. Sentir era a novidade.
Fechou os olhos e agradeceu. Agora, mais do que antes, se sentia segura, no caminho certo.
Uma pequena luz começou a se formar ao redor das duas: dourada e flamejante.
Não era constante, aumentava e diminuia, mas era calorosa.
O brilho dourado dava um vislumbre da estrada, dissipava em alguns centimetros a escuridão, mas coisa pouca.
Sabia que tinha que ser assim.
Andou por um tempo que não soube definir se eram horas ou minutos, e finalmente chegou a ponte.
Essa hora era decisiva. Nos seus sonhos nunca tinha atravessado a ponte, nem tinha ideia de como era.
Sentiu um fraquejar no coração: medo.
A luz tremulou e enfraqueceu consideravelmente. Ela entendeu e reuniu toda coragem dentro de sua alma.
Nesse instante a luz aumentou, e a coruja voou de seu ombro. Aquilo ela não entendeu.
A luz ainda permitiu ver o vôo da ave, e depois mais nada.
O manto de escuridão a cobriu, e o silêncio se abateu sobre ela.
Nada. Apenas escuridão e silêncio.
Novamente aquela fraqueza no peito, agora passando para as pernas e o corpo todo.
A mente entrando em polvorossa, o pânico a ameaçava com suas mãos frias.
"Chega!" , gritou ela silenciosamente.
Não se deixaria levar por isso. Quantas vezes a mão da Sábia a havia conduzido? Quantas vezes sentiu aquela força e amor no seu coração?
Acreditou uma vez mais. Acreditou nela e NELA.
Deu o primeiro passo. E o segundo, e mais um. E mesmo na escuridão, é como se tudo ficasse claro. Conseguia ver a ponte, mas não com seus olhos, mas sim os da alma.
Cruzou a ponte. Assim que chegou do outro lado, o dia amanheceu. Agora podia ver com seus olhos mesmo.
Uma floresta diferente estava á sua frente: banhada pela suave luz do sol do amanhecer, parecia realmente de ouro.
Flores de trigo se confunidam com as árvores frondosas. Um vento constante dava a paisagem o ar surreal.
Novamente ouviu o bater de asas e, como se vinda do nada, a coruja pousou no chão a sua frente.
Ela se ajoelhou para ficar mais perto dela.
Agora os olhos da ave tinham um brilho fascinante: pareciam dois cristais reluzentes.
Naquele brilho ela perdeu a noção do tempo e espaço.
Então era como se estivesse envolta em panos de seda. Uma luz intensa ao redor, dourada e branca, mas que se mexia, e quase podia-se tocar, dando a impressão do tecido delicado .
Olhou ao redor, abismada. Dentre aquelas cortinas diferentes, um vulto começou a tomar forma.
E ela viu ELA.
Tentou racionalizar. Não conseguiu.
Apenas ouviu, como se dentro dela, a voz falou:
- Digna és, de ser minha filha, e de levar esse nome contigo. Sempre, para sempre, estarei contigo.
Ela não sabia como reagir, e no sentimento mais profundo, apenas chorou. No meio das aguas dos seus olhos, ela ainda perguntou encantada:
-Por que?
E do alto de sua sabedoria, ELA disse:
- Porque você confiou. Apenas confiou.

Lentamente a imagem foi se desvanescendo.Ela agradeceu, porque não saberia por quanto tempo seu coração aguentaria tudo aquilo.
Estava novamente na estrada. Sabia que a ponte estava atrás de si.
"Digna és, de ser minha filha"
Levantou-se mas não olhou para trás.
Sentiu um calor intenso no braço e olhando, viu próximo do ombro uma pequena coruja tatuada em seu braço direito. De olhos brilhantes e envolta em luz dourada.
Sorriu, e de olhos marejados tocou a figura.
"Sempre e pra sempre."
Seguiu seu caminho, mais realizada, mais agradecida e mais completa do que nunca antes estivera.
E o Sol brilhou um pouco mais.

4 comments:

Obscuri Nimbus said...

Pouco eu posso descrever com palavras a emoção que me tomou ao ler seu post.
Pouco posso dizer da alegria que me toma quando acesso seu blog.

Porem, meu sumisso de deve ao fato de que meu pc nao me deixa mais acessar o blogspot!!! ¬¬

Estou com blog novo!
www.divano.blogs.sapo.pt

Te espero la!!
A benção dos Deuses!! ^^
Beijocas

Obscuri Nimbus said...

A benção dos Deuses! ^^

Eu ja voltei pro blogspot!XD
Consegui resolver o problema do meu pc!

O novo (e definitivo) endereço é http://per-aa.blogspot.com

Beijocas

Obscuri Nimbus said...

Ue.. nao tem mais???? :(

Eloá said...

Nossa Drika, realmente intenso de mais, estou completamente arrepiada e repleta de emoção, como sempre parabéns por suas palavras.
Te amo :*